Já faz um tempo que a história anda pela mídia. Em 2008, o Diário de Maringá publicou: “Eles são dóceis, têm o olhar triste e abanam o rabo, enquanto enfiam os focinhos pelos buracos da cerca, à espera de um afago dos visitantes. Vários cães da raça beagle – a do personagem Snoopy, dos desenhos animados e quadrinhos – são criados na Universidade Estadual de Maringá (UEM) para servir como cobaias nos mais diversos tipos de pesquisas, como fabricação de medicamentos. O destino, na maioria dos casos, é o sacrifício dos cães ao final da pesquisa.”
Estamos em 2010 e pelo jeito pouca coisa mudou. Ângela Rodrigues, autora do recém criado abaixo-assinado “Contra o uso e sacrifício de Beagles em experimentos científicos na Universidade Estadual de Maringá” afirma que há 2 meses ficou sabendo do que se passava na UEM , e foi lá confirmar os fatos. O site do biotério da Universidade diz que: “ produz animais de diferentes espécies e linhagens, distribuídos em: ratos Holtzman e Wistar, camundongos Swiss, BALB/c, hamsters e cães da raça Beagle.”A Universidade alega que todos os procedimentos são realizados de acordo com a Lei Procedimento para o Uso Científico de Animais .
Nesta Lei, o parágrafo terceiro do artigo 14 diz : ”Sempre que possível, as práticas de ensino deverão ser fotografadas, filmadas ou gravadas, de forma a permitir sua reprodução para ilustração de práticas futuras, evitando-se a repetição desnecessária de procedimentos didáticos com animais.” Será que a UEM está fazendo isto? Será que as Universidades não poderiam trocar informações evitando que a mesma prática se repetisse ano após ano, infligindo sofrimento desnecessário a centenas de animais?
No abaixo assinado Ângela afirma que Beagles são cães dóceis , inteligentes e sensíveis. São hiperativos e precisam de espaço e atividade física (assim como todos os cães). Os canis do biotério são insuficientes para que os cães tenham equilíbrio físico e emocional. A condução de experimentos constitui um ato de crueladade pois priva estes animais do direito à vida. Quando há privilégio de uma das partes trazendo sofrimento à outra, torna-se antiético, independente do que digam as normas (que obviamente foram criadas pelo lado mais forte).
Beagle no "Teste Draize de Irritação Dermal": uma fita adesiva é pressionada firmemente na pele do animal e arrancada violentamente, repete-se esse processo até que surjam camadas de carne viva. Atenção: isso não foi fotografado na UEM, mas sim em empresas que testam seus produtos em animais, inclusive em beagles. Veja a lista dessas empresas aqui e assista o vídeo no final dessa matéria para mais informações.
“Cabe aqui, portanto, um questionamento imperioso: se tivermos em mente, por exemplo, a inclusão de mais um medicamento na indústria farmacêutica, mais uma patente, ou mais um método de implantes, podemos imaginar que, em última instância, os efeitos dos experimentos conduzidos nos laboratórios da UEM e o confinamento de Beagles no biotério são promissores para a comunidade científica e para a população humana, mas se considerarmos a vitimização dos Beagles, sua candura e inocência, o efeito é certamente deletério, porque tira de nós, homens, a humanidade e a civilidade que devem sempre nos caracterizar.
Como pontua o intelectual húngaro Karl Polanyi, as mudanças e o progresso podem não cessar, mas seu ritmo pode e deve ser controlado. Neste caso, se determinados medicamentos ou melhoramentos científicos precisam ser elaborados, que o sejam no tempo certo, que é o tempo necessário para que se descubram procedimentos científicos que não comprometam o bem estar e a vida desses cães.”
Clique aqui para assinar o abaixo-assinado contra o uso dos Beagles da UEM.
E por favor, assista este excelente vídeo criado pelo instituto Nina Rosa e entenda como funciona a experimentação animal na ciência. O caso dos Beagles é apenas um exemplo de muitos outros , que estão muito mais próximos do que a gente imagina.
Veja aqui a primeira parte do vídeo:
Fonte: Blog Cachorrando
Por Nathália Mota
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