(Foto: Reprodução/Veja)
Um grupo especial de chimpanzés que não têm medo de humanos — e que por isso mesmo correm perigo — ganhou proteção oficial no Congo, Centro-Oeste da África, após mais de 20 anos de campanha de organizações internacionais de preservação. Eles vivem no Triângulo Goualougo, uma área de florestas tropicais e pântanos com 185 quilômetros quadrados que foi anexada ao Parque Nacional Nouabalé-Ndoki, que agora têm pouco mais de 3.000 quilômetros quadrados de área protegida.
A floresta de Goualougo é uma das mais isoladas e intocadas de toda África. Seus pântanos e montanhas mantiveram longe os exploradores de madeira e outros recursos naturais. Não mais: a escassez desses produtos em outras áreas do país passou a incentivar ataques à biodiversidade da região, segundo a Sociedade de Conservação da Vida Selvagem (WCS na sigla em inglês), com sede nos Estados Unidos.
“Parabenizamos a República do Congo por finalizar esse processo crítico de expansão das fronteiras da reserva Nouabalé-Ndoki para incluir uma das grandes maravilhas africanas”, disse Steve Sanderson, presidente da organização. “Em um mundo dominado pelos seres humanos, o Triângulo Goualougo é uma porção do Éden. Uma joia intocada repleta de chimpanzés, gorilas e elefantes da floresta. É a definição da natureza selvagem e deve ser protegida”, completou.
IngenuidadeA população de chimpanzés de Goualougo tem uma característica única para primatas selvagens africanos. Ao invés de fugir dos pesquisadores que vão estudá-los, eles se aproximam, curiosos. Isso ocorre devido ao isolamento no qual sempre viveram. Por causa de seu comportamento, são chamados pelos cientistas de chimpanzés ingênuos.
E essa não é a única característica exclusiva dessa população. Chimpanzés em toda a África usam simples gravetos para caçar insetos em suas tocas. Em Goualougo, os chimpanzés deram um passo a frente no manejo de ferramentas. Eles usam um graveto menor para abrir buracos nos ninhos de insetos — como as estruturas de barro que protegem os cupins — e uma vareta maior para buscar o alimento no fundo das tocas.
“Essa percepção de valor inestimável das mentes sofisticadas dos chimpanzés de Goualougo teria sido perdida para sempre se não fosse o empenho do governo para salvaguardar as maravilhas dessa floresta”, disse John Robinson, outro executivo da WCS, em comunicado publicado no site da organização. “Continuar a estudar e proteger essa população é essencial”, completou.
A expansão da reserva foi possível pelo apoio de uma das maiores empresas madeireiras do Congo, que ganhou o direito de explorar áreas próximas com um plano de manejo para ajudar a cercar as áreas protegidas.
Fonte: Veja
Fonte: Veja
Por Henrique Cruz.
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