Retirei algumas partes da entrevista que Gary L. Francione deu para a revista The Vegan, da Sociedade Vegana da Grã-Bretanha, em 2007. Gary Francione é professor de Direito e Filosofia na Rutgers University, nos EUA, e ficou conhecido por sua teoria de direitos animais abolicionista.
RR: Qual a diferença que você vê entre bem-estar animal e direitos animais?
GF: O bem-estar animal afirma que é moralmente aceitável usar os animais não-humanos para propósitos humanos, contanto que tratemos os animais "humanitariamente" e não os sujeitemos a um sofrimento "desnecessário". O objetivo do bem-estar animal é a regulamentação do uso dos animais.
A posição dos direitos animais é a de que não temos nenhuma justificativa moral para explorar os não-humanos, por mais "humanitariamente" que o façamos. O objetivo dos direitos animais é a abolição do uso dos animais.
Existem alguns defensores dos animais - aos quais eu chamo de "neobem-estaristas" em meu livro Rain Without Thunder: The Ideology of the Animal Rights Movement - que dizem abraçar a abolição como objetivo a longo prazo, mas que argumentam que regulamentações bem-estaristas a curto prazo são a única coisa que podemos fazer, em termos práticos, para ajudar os animais agora. Além do mais, os neobem-estaristas alegam que regulamentações melhores levarão, eventualmente, à abolição.
Eu considero ambos os preceitos da posição neobem-estarista errados.
A posição dos direitos animais é a de que não temos nenhuma justificativa moral para explorar os não-humanos, por mais "humanitariamente" que o façamos. O objetivo dos direitos animais é a abolição do uso dos animais.
Existem alguns defensores dos animais - aos quais eu chamo de "neobem-estaristas" em meu livro Rain Without Thunder: The Ideology of the Animal Rights Movement - que dizem abraçar a abolição como objetivo a longo prazo, mas que argumentam que regulamentações bem-estaristas a curto prazo são a única coisa que podemos fazer, em termos práticos, para ajudar os animais agora. Além do mais, os neobem-estaristas alegam que regulamentações melhores levarão, eventualmente, à abolição.
Eu considero ambos os preceitos da posição neobem-estarista errados.
RR: O que o leva a acreditar que os animais não-humanos têm o direito à vida?
GF: Os não-humanos têm interesse em continuar a existir e devemos proteger esse interesse com um direito, se não quisermos ser especistas.
Um preceito central da posição bem-estarista é que, em termos factuais, os animais não têm interesse em continuar a viver e só se importam com o modo como os tratamos. Por exemplo, Jeremy Bentham, um dos principais arquitetos do bem-estar animal, afirmava que os animais não se importam se os matamos e os comemos; eles só se importam com o modo como os tratamos. Peter Singer também adota a posição dele.
Em meu trabalho, eu argumento que essa posição está errada. É um absurdo afirmar que os seres sencientes têm interesse em não sofrer, mas não têm nenhum interesse em continuar a viver. A senciência é um meio para os fins da continuação da existência; a senciência é uma característica que evoluiu em certos seres como um mecanismo que facilita a existência continuada. Muitos animais não-humanos, assim como muitos humanos, suportarão um sofrimento terrível para continuar a viver. De qualquer forma, discordo de Bentham, Singer e outros que alegam que os animais não-humanos não têm interesse na existência continuada. A noção, promovida por Singer, de que a autoconsciência semelhante à humana é necessária para se ter um interesse em continuar a existir é escancaradamente especista.
Se eu estiver correto e os animais não-humanos, assim como os humanos, tiverem interesse em continuar a viver, e se formos tratar esse interesse como moralmente significativo, então devemos aplicar o princípio da igual consideração e dar, a esse interesse do animal, a mesma proteção que damos ao interesse dos humanos em não ser usados como mercadorias.
Nós não achamos apropriado tratar um humano, seja ele quem for, exclusivamente como um meio para os fins de outro. Não achamos apropriado tratar humano algum como mercadoria. Não consideramos a escravidão - mesmo a escravidão "humanitária" - moralmente aceitável. Damos a todo ser humano, independentemente de sua inteligência ou outras características, o direito de não ser tratado como propriedade de outro.
Não há qualquer razão moralmente válida para negarmos esse direito aos não-humanos. Devemos dar a todo não-humano senciente o direito de não ser usado como mercadoria.
Esta é uma breve resposta a uma questão importante e complicada. Quem estiver interessado em mais discussão sobre este assunto pode dar uma olhada em meu livro Introduction to Animal Rights: Your Child or the Dog? (2000).
Um preceito central da posição bem-estarista é que, em termos factuais, os animais não têm interesse em continuar a viver e só se importam com o modo como os tratamos. Por exemplo, Jeremy Bentham, um dos principais arquitetos do bem-estar animal, afirmava que os animais não se importam se os matamos e os comemos; eles só se importam com o modo como os tratamos. Peter Singer também adota a posição dele.
Em meu trabalho, eu argumento que essa posição está errada. É um absurdo afirmar que os seres sencientes têm interesse em não sofrer, mas não têm nenhum interesse em continuar a viver. A senciência é um meio para os fins da continuação da existência; a senciência é uma característica que evoluiu em certos seres como um mecanismo que facilita a existência continuada. Muitos animais não-humanos, assim como muitos humanos, suportarão um sofrimento terrível para continuar a viver. De qualquer forma, discordo de Bentham, Singer e outros que alegam que os animais não-humanos não têm interesse na existência continuada. A noção, promovida por Singer, de que a autoconsciência semelhante à humana é necessária para se ter um interesse em continuar a existir é escancaradamente especista.
Se eu estiver correto e os animais não-humanos, assim como os humanos, tiverem interesse em continuar a viver, e se formos tratar esse interesse como moralmente significativo, então devemos aplicar o princípio da igual consideração e dar, a esse interesse do animal, a mesma proteção que damos ao interesse dos humanos em não ser usados como mercadorias.
Nós não achamos apropriado tratar um humano, seja ele quem for, exclusivamente como um meio para os fins de outro. Não achamos apropriado tratar humano algum como mercadoria. Não consideramos a escravidão - mesmo a escravidão "humanitária" - moralmente aceitável. Damos a todo ser humano, independentemente de sua inteligência ou outras características, o direito de não ser tratado como propriedade de outro.
Não há qualquer razão moralmente válida para negarmos esse direito aos não-humanos. Devemos dar a todo não-humano senciente o direito de não ser usado como mercadoria.
Esta é uma breve resposta a uma questão importante e complicada. Quem estiver interessado em mais discussão sobre este assunto pode dar uma olhada em meu livro Introduction to Animal Rights: Your Child or the Dog? (2000).
Retirado do site Pensata Animal
Para ler a entrevista na íntegra acesse:
http://www.pensataanimal.net/entrevistas/83-garyfrancione/195-gary-francione-por-que-o-veganismo
Para mais entrevistas, artigos e textos acesse:
http://www.pensataanimal.net/
Por Alex Peguinelli
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