28 de outubro de 2012

É ambientalista, mas come carne?


Um conjunto de fatos sobre o desmatamento e o consumo de carne e outros produtos de origem animal

Por Thiago Fonseca | Comer não é só uma questão de matar a fome. A decisão sobre que comida colocar no prato tem implicações econômicas, ambientais, éticas, culturais, fisiológicas, filosóficas, históricas, religiosas. Neste texto, abordaremos as implicações ambientais da decisão de comer carne.

Se todos fossem vegetarianos, é provável que não houvesse tanta fome no mundo. É que os rebanhos consomem boa parte dos recursos da Terra. Uma vaca, num único gole, bebe até 2 litros de água. Num dia, consome até 100 litros. Para produzir 1 quilo de carne, gastam-se 43.000 litros de água. Já um quilo de tomates custa ao planeta menos de 200 litros de água.

Sem falar que damos grande parte dos vegetais que produzimos aos animais. Um terço dos grãos produzidos no mundo vira comida de vaca. No Brasil, o gado quase não come grãos – graças ao clima, é criado solto e se alimenta de grama. Mas boa parte da nossa produção de soja, uma das maiores do mundo, é exportada para ser dada ao gado que está lá. Outra questão é que a pecuária bovina estimula a monocultura de grãos. Num mundo vegetariano, haveria lavouras mais diversificadas e teríamos muito mais recursos para combater a fome.

E não se trata só de comida. A pecuária esgota o planeta de outras formas. “Para começar, ocupa um quarto da área terrestre e não para de se expandir”, diz o ativista vegetariano Jeremy Rifkin. A pressão para a derrubada das florestas, inclusive a amazônica, vem em grande parte da necessidade de pasto. Entre os danos ambientais causados pelo gado, está também o aquecimento global.

As pessoas deveriam considerar comer menos carne como uma forma de combater o aquecimento global, segundo o principal cientista climático da Organização das Nações Unidas (ONU). Números da ONU sugerem que a produção de carne lança mais gases do efeito estufa na atmosfera do que o setor do transporte.

A Organização da ONU para Agricultura e Alimentos (FAO) estima que as emissões diretas da produção de carne correspondem a 18% do total mundial de emissões de gases do efeito estufa. Esse número inclui gases do efeito estufa liberados em todas as etapas do ciclo de produção da carne – abertura de pastos em florestas, fabricação e transporte de fertilizantes, queima de combustíveis fósseis em veículos de fazendas e emissões físicas de gado e rebanho. O transporte, em contraste, responde por apenas 13% da pegada de gases da humanidade, segundo o IPCC.

Pesquisas mostram que as pessoas estão ansiosas sobre suas pegadas de carbono e reduzindo as jornadas de carro, por exemplo, mas elas talvez não percebam que mudar o que está em seu prato pode ter um efeito ainda maior.

Parar de comer carne sempre foi a bandeira dos vegetarianos. Suas razões eram principalmente a saúde humana e os direitos dos animais. Hoje, o foco mudou. “Agora o meio ambiente pesa na decisão de não comer carne”, diz o biólogo Sérgio Greif, da Sociedade Vegetariana Brasileira.

Um dos mais expoentes adeptos da campanha por menos carne e mais florestas é o biólogo americano Edward Wilson, da Universidade Harvard. Segundo ele, só será possível alimentar a população mundial no fim do século se todos forem vegetarianos. “O raciocínio é matemático”, diz Greif. A produção de grãos de uma fazenda com 100 hectares pode alimentar 1.100 pessoas comendo soja, ou 2.500 com milho. Se a produção dessa área for usada para ração bovina ou pasto, a carne produzida alimentaria o equivalente a oito pessoas. A criação de frangos e porcos também afeta as florestas. Para alimentá-los, é necessário derrubar árvores para plantar soja e produzir ração. Mas, na relação custo-benefício entre espaço, recursos naturais e ganho calórico, o boi é o pior.

O gado tem sido considerado o grande vilão da Amazônia. Hoje, o Brasil mantém 195 milhões de bovinos. Há mais bois que pessoas. Cerca de 35% desse rebanho está na Amazônia. Para alimentar o gado, os pecuaristas desmataram uma área de 550 quilômetros quadrados, o equivalente ao estado de Minas Gerais. Criados livres no campo, sem ração, os bois precisam todo ano de novas áreas derrubadas para a formação de pasto.

A pecuária na região está ligada à ocupação irregular de terras públicas. As terras da região pertencem ao Estado e em sua maioria foram tomadas na forma de posse. “Sem ter de pagar pela terra, fica mais barato produzir lá que no Sul e no Sudeste”, diz Paulo Barreto, do Imazon. Para comprovar a posse da área tomada, o fazendeiro precisa mostrar que a terra é produtiva. “Para isso também servem os bois”, afirma Barreto.

Resultado de cinco meses de trabalho, os números de um estudo coordenado por Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Roberto Smeraldi, da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, mostram que, em 2005, a emissão de gases-estufa (GEE) da pecuária representou 48% do total brasileiro. A atividade emitiu 1,055 bilhão de toneladas de GEE sobre 2,203 bilhões do total nacional, número do tão esperado inventário brasileiro de emissões, divulgado só recentemente pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.

“A diferença desse estudo em relação às abordagens estatísticas tradicionais é que elas dividem as emissões por categorias, e nossa abordagem é pela cadeia de um produto específico”, explicou Smeraldi. “Então ela é transversal, porque envolve uso da terra e fermentação entérica (basicamente, arroto de boi e vaca), por exemplo, processos que estão separados no inventário.”

Um quilo de carne industrializada significa 300 quilos de gás-estufa emitido, e esses 300 kg custam R$ 10 no mercado de carbono. Assim, é a primeira vez que a chamada “pegada de carbono” de um produto específico, no caso a carne bovina, é calculado. Pegada de carbono é a quantidade de gás-estufa liberada direta ou indiretamente por uma certa atividade. “O interessante desses dados é que eles podem começar a traduzir toda a situação para o consumidor, a dona de casa, o investidor”, comentou Smeraldi.

“Essa é a diferença de ter números sobre categorias e números sobre produtos: 1 quilo de carne industrializada significa 300 quilos de gás-estufa emitido, e esses 300 kg custam R$ 10 no mercado de carbono. É mais do que o custo da própria carne por quilo no atacado (o kg do dianteiro custa R$ 3,60; do traseiro, R$ 5,90)”, disse o especialista.

Como investidor eu posso raciocinar que, se a carne tivesse que pagar o CO2 que emite, ficaria inviável. Por outro lado, se seguir boas práticas, posso reduzir uma barbaridade essa emissão e vender o CO2 poupado no mercado de emissões por um preço superior ao da carne. Frigorífico pode fazer mais dinheiro vendendo redução de carbono do que vendendo a própria carne.”

No topo absoluto da cadeia alimentar, os seres humanos se dão ao luxo de comer de tudo, mas a um preço elevado: a pesca maciça está levando as espécies marinhas à extinção, e a piscicultura polui a água, o solo e a atmosfera – o que precisa fazer com que mudemos de hábitos. Alimentar a humanidade – nove bilhões de indivíduos até 2050, segundo as previsões da ONU – exigirá uma adaptação de nosso comportamento.
Mesmo que seja fonte essencial de proteínas, a carne bovina não é “rentável” do ponto de vista alimentar: são necessárias três calorias vegetais para produzir uma caloria de carne de ave, sete para uma caloria de porco e nove para uma caloria bovina. Dessa maneira, mais de um terço (37%) da produção mundial de cereais serve para alimentar o gado – 56% nos países ricos – segundo o World Ressources Institute.

Seria o caso, então, de reduzir o consumo de carne e substituí-lo pelo peixe? Os oceanos não podem ser considerados uma despensa inesgotável, estimou Philippe Cury, diretor de pesquisas do Instituto de Pesquisas para o Desenvolvimento (IRD). O número de pescadores é duas a três vezes superior à capacidade de reconstituição das espécies. No atual ritmo, a totalidade das “espécies comerciais” haverá desaparecido em 2050.

A agricultura, particularmente produtos de carne e laticínios, é responsável pelo consumo de cerca de 70% da água doce do mundo, 38% do uso de terra e 19% das emissões de gases estufa. Espera-se que os impactos da agricultura cresçam substancialmente devido ao crescimento da população e o crescimento do consumo de produtos animais. Ao contrário dos combustíveis fósseis, é difícil produzir alternativas: as pessoas têm que comer. Uma redução substancial de impactos somente seria possível com uma mudança de dieta, eliminando produtos animais.

Um painel de especialistas categorizou produtos, recursos e atividades econômicas e de transporte de acordo com seus impactos ambientais. A agricultura se equiparou com o consumo de combustível fóssil porque ambos crescem rapidamente com o maior crescimento econômico. O professor Edgar Hertwich, principal autor do relatório, disse: “Produtos animais causam mais dano que produzir minerais de construção como areia e cimento, plásticos e metais. Biomassa e plantações para animais causam tanto dano quanto queimar combustíveis fósseis.”

A diminuição do consumo de carne e leite em todo o mundo levaria, até 2055, a uma redução de 80% das emissões de gases que agravam o efeito estufa no setor agropecuário. A conclusão é de um estudo divulgado pelo Instituto de Estudos das Mudanças Climáticas de Potsdam, na Alemanha.

O coordenador do estudo, Alexander Popp, afirma que “a carne e o leite podem realmente fazer a diferença”. A explicação, segundo ele, é que uma redução no consumo desses itens levaria a uma queda nas emissões de dois dos gases que mais agravam o aquecimento: o metano e o óxido de nitrogênio. Esses gases são lançados na atmosfera durante a fertilização dos campos agrícolas e na produção de ração para alimentar vacas, ovelhas e cabras, entre outros animais.

Dito isso, fica a pergunta: o que você quer fazer com o planeta? Cuidar dele ou devorá-lo?

REFERÊNCIAS
http://super.abril.com.br/superarquivo/2002/conteudo_120220.shtml
http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2008/09/07/ult4909u5467.jhtm
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,EDG77074-6010,00.html
http://terramagazine.terra.com.br/blogdaamazonia/blog/2009/12/10/metade-das-emissoes-de-gases-de-efeito-estufa-do-brasil-vem-da-pecuaria/
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4281337-EI294,00-Terra+e+incapaz+de+acompanhar+ritmo+atual+de+consumo+de+carnes+e+pescado.html
http://www.guardian.co.uk/environment/2010/jun/02/un-report-meat-free-diet
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,emissoes-estao-ligadas-a-consumo-de-carne-e-leite,573630,0.htm
http://www.greenpeace.org/brasil/Global/brasil/report/2011/11-08-26_An%C3%A1lise%20do%20aumento%20do%20desmatamento%20no%20MT.pdf

Por Nathália Mota

22 de outubro de 2012

O que é um VEGANO?




Veganismo é uma opção de vida de pessoas que por razões éticas (relacionadas ao respeito aos direitos animais) prescindem do uso de qualquer produto de origem animal na sua vida cotidiana.
Simplificando: Um vegano é uma pessoa que não apenas diz que ama os animais.

O que um vegano não faz:
* Um vegano não come nenhum produto de origem animal. Sim, isso inclui frango, peixe, leite, ovos, gelatina, cochonilha (Você sabia que usam esses insetos na sua comida?)…
* Um vegano não usa roupas feitas com couro, peles, lã, seda…
* Um vegano busca boicotar empresas que façam testes com animais.
* Um vegano não vai a circos, zoológico, touradas, rodeios ou qualquer forma de entretenimento que utilize animais.
* Um vegano não compra animais de estimação, afinal, amigos não se compram.

O que um vegano não é:
* Como os direitos animais são uma evolução dos direitos humanos, um vegano não é racista, machista, xenófobo ou homofóbico.
* Um vegano não é um hippie natureba.
* Um vegano não é um neurótico por saúde que fica contando calorias. Veganos não estão “de dieta”.
* Um vegano não é uma pessoa desequilibrada que busca utlizar os animais por ter péssimas relações com outros humanos.

Mas afinal o que os veganos são?
* Os veganos são advogados, médicos, filósofos, antropólogos, biólogos, físicos, engenheiros, designers, estudantes, desempregados, empresários…
* Os veganos são pessoas pacíficas, pois defendem os Direitos Humanos, assim como os Direitos Animais.
* Os veganos podem ter qualquer religião, qualquer credo, qualquer orientação sexual, qualquer estilo.
* Os veganos, assim como você, são pessoas muito preocupadas com o aquecimento global, com a violência, com a pobreza, com a falta de empregos e com as crianças de rua.

E o que eles podem fazer?
* Veganos podem comer todos os alimentos de origem vegetal – cereais, frutas, legumes e verduras – e cogumelos.
* Veganos podem comer fast-food, tomar refrí, comprar alimentos industrializados ou mesmo transgênicos. Mas, é claro, veganos adoram discutir essas questões e sempre têm uma opinião formada.
* Veganos podem beber! Ah, a não ser aquela tequila com vermes.
* Veganos podem fazer sexo. (E com uma vantagem: a super dieta afrodisíaca vegana).
* Veganos podem ir ao cinema, ao teatro, a parques, museus…
* Veganos podem adotar animais, devem esterilizá-los e dar a eles muito amor e proteção.

Por que devo ser vegano?
A decisão de se tornar vegano não precisa ocorrer da noite para o dia (é ótimo quando ocorre): ela pode começar com uma possibilidade, ir amadurecendo e enfim se concretizar.
Se quero assumir uma postura de respeito aos animais, não há outro caminho. Assim, a decisão de se tornar vegano começa com uma tomada de consciência: é moralmente errado explorar os animais (independentemente de se com ou sem dor).
Tornamo-nos veganos quando nos damos conta de que é errado pensar e agir como se os animais fossem nossa propriedade. Onde se legitimaria esse pressuposto de que animais são produtos a nosso dispor?
Devo ser vegano se entender que é uma obrigação moral não usar os animais, sendo assim o veganismo a única opção ética de quem se deu conta de que os animais não nos pertencem.

Uma pequena introdução aos Direitos Animais:
* Animais não-humanos também sentem dor, possuindo todos os mecanismos biológicos para tanto e a expressam de forma muito
* Animais não-humanos sentem stress da mesma forma que nós quando privados de sua liberdade, e em geral, animais em seu meio ambiente necessitam de grandes espaços para se locomover, caçar, voar, nadar, montar tocas e criar suas famílias.
* Animais não-humanos também gostam de conforto.
* Grande parte dos animais não-humanos também possuem famílias, e muitos dão tanto valor à estas quanto nós. A privação decorrente da separação de mães e filhos é extremamente dolorosa para eles.
* Animais também gostam de trabalhar e são extremamente engenhosos, basta ver o joão-de-barro, as formigas e o incrível trabalho do castor.
* Animais também gostam de se comunicar. Apesar de não compreendermos, a comunicação não é feita apenas pela linguagem humana. Golfinhos são capazes de dar nomes à seus semelhantes.
* Animais também gostam de pensar e de jogar. Para os animais carnívoros, a caça é um jogo que os une. Porcos são capazes de operar joysticks. Gorilas e chimpanzes são capazes de se comunicar via linguagem de sinais.
* Animais também dão valor às suas vidas e são capazes de sofrer e lutar muito para mantê-las.
* Animais também são capazes de amar.

Fonte:
www.gaepoa.org/site/index.php?m=Materia&id=6
www.gaepoa.org/site/index.php?m=Materia&id=7
www.poramoraosanimais.blog.terra.com.br
—–
Primeiros passos: www.SejaVegano.com.br


Por Nathalia Mota

11 de outubro de 2012

Por causa do seu queijo: “A separação de uma vaca e seu filhote”



Sem cenas de violência física, o vídeo choca quem tem compaixão

Rotina nas fazendas de leite, a separação entre mãe e bebê é um dos momentos mais chocantes para todos que puderam presenciar a cena. Mesmo quem vive deste mercado, fazendeiros e veterinários da área, afirmam, em sua maioria, que o momento é realmente muito triste. Muitos relatam que a vaca fica chamando por seu filhote por até 20 dias, extremamente triste.

Nos ajude a acabar com isso

Por favor, considere não financiar mais este mercado. Conheça os problemas do consumo de laticínios emwww.vista-se.com.br/leite e aprenda os primeiros passos para uma vida vegana em www.sejavegano.com.br .

Vídeo com legendas – clique em “CC” | Youtube 



Fonte
Por Nathalia Mota

7 de outubro de 2012

‘Candidatos pelos animais’: saiba em quem (não) votar



Não, não preciso dizer que esta é a eleições com o maior número de candidatos ‘pelos animais’ que já vi. Entre idealistas e picaretas, vários são os que aparecem no santinho de papel, ou eletrônico, abraçados a um cachorro. Claro, ninguém abraçaria um porco, uma conchonilha ou uma galinha. Iria provocar risos entre a patuléia, a mesma que é obrigada a apresentar documento e apertar uns botões em uma urna. Ganha um feriado, e assim se faz uma democracia, em tese.
O fato é que um expressivo número de franco-atiradores, digo, candidatos, descobriram o nicho ‘animais’ – e, obviamente, não falo do setor pecuarista, que já descobriu há muito o nicho ‘animais’, mas com um sabor diferente, digamos. Há ativistas, protetores/socorristas, vegetarianos e veganos que tornaram pública sua afinidade com os não-humanos com intenção de ganhar simpatia do eleitorado, essa massa disforme que muitas vezes age como lemingues, outras vezes como corais, búfalos ou formigas, e outras vezes como nenhuma das opções anteriores.
No Brasil é obrigatório votar, exceto as exceções, então quem está dentro da causa animal terá um leque de opções vinculadas a seu pensamento para saber em quem depositar seu voto. Este é um farsante? Aquele já fez projeto contra os animais, e agora vi no Facebook uma foto dele com cachorro? Aquela tem trajetória reconhecida na causa, esta é mais ou menos? Que todos tenhamos interesse em descobrir essas respostas, pois serão quatro anos, desdobráveis em outros, com alguém ajudando na defesa, ou ajudando a dinamitar nossas já frágeis estruturas de defesa dos animais não-humanos.
O ‘candidato conversinha’.
Quer dizer, é necessário dar uma peneirada geral, uma pesquisada básica – Google não tem taxímetro – e mesmo o diálogo com outros interessados, para não dar um voto a um oportunista ‘dos bichinhos’ e, ao mesmo tempo, deixar de votar em alguém que tem o culhão necessário para adentrar na política, sabendo que lá dentro a briga é de foice afiada.
Porque também não podemos cair no mantra boca-suja de dizer ‘odeio política’. Quem odeia política deve se mudar para a Lua ou para Marte, pois mesmo no meio do mato a política lhe alcançará no dia a dia. Política não é o ‘horário eleitoral’ na televisão, como já ouvi de alguns eternos desinformados. Não podemos ser ingênuos. O que vestimos, por onde andamos, nossas ‘escolhas’, dinheiro, saúde, segurança, calçada suja, carroça, ‘tadinhas das crianças passando fome’, tudo está debaixo desse guarda-chuva chamado política. Que não se resume ‘àquela roubalheira lá em Brasília’, nem em ‘odeio PT’ ou ‘odeio quem odeia o PT’.
Não podemos ser tão simplórios na maneira de ver, pois há quem realmente faz, fez e/ou fará ações dignas em prol dos animais, quais sejam. Ainda há muito o que fazer, e parece até clichê dizer que é o povo quem escolhe seus líderes – embora às vezes o cenário político pareça uma novela, que conta conosco como meros telespectadores. Ressalto, pois ouço gente dizer que está farto da política, como se fosse um corpo vivo à parte, e não um acordo entre todos. Se há problemas, revejamos esse acordo, ou pensemos porque a maioria tende à apatia moral, à bundamolice ideológica, ao conformismo de quem se abstém de ajudar a preparar o bolo que, lá adiante, terá que comer também.
O voto pelas minorias humanos tem se solidificado no Legislativo. Falta agora botar, ‘lá dentro’, gente raçuda que vai afiar sua foice em prol dos animais. Mas os animais não têm título de eleitoral, ainda que submissos, também, aos ditames da política. Você vai votar por eles, ou contra?
Texto de Marcio de Almeida Bueno
Fonte: ANDA
Por Alex Peguinelli