27 de outubro de 2010

Um fato: nossas relações com os animais não-humanos influenciam nossas relações com os seres humanos


A cultura de agressão e opressão que temos para com os animais não-humanos acaba por se expandir e contaminar o modo pelo qual tratamos os próprios seres humanos. Tomo como exemplo um fato que ocorreu recentemente e está sendo divulgado agora na grande mídia, o “rodeio das gordas”, promovido por estudantes da UNESP de Assis.

Ocorrido durante um evento universitário em na cidade de Araraquara, denominado Interunesp, o “rodeio das gordas” consistia em grandes grupos de estudantes, de até cinqüenta pessoas, que cercavam uma menina e enquanto os que ficavam em volta da roda entoavam gritos como: “Pula gorda Bandida”, um rapaz ao centro simulava um rodeio em que tentava permanecer o maior tempo possível sobre sua presa.




Esse tipo de atitude pode ser novidade para onívoros e pessoas acostumadas com esta cultura de agressão, mas para nós, veganos, estes fatos não deveriam ser nada menos do que previsíveis.

Do momento em que é permitido que seres humanos explorem animais não-humanos somente pelo fato de serem diferentes, podemos esperar uma atitude análoga de seres humanos para com seres de sua própria espécie, assim ocorreu no “rodeio das gordas”. Isso porque, se temos um padrão imposto por uma minoria e aceito como um modelo a ser seguido, é permitido que as pessoas que se desviem deste padrão sejam agredidas e reprimidas.

Nossa cultura permite e incentiva este tipo de agressão.

Não podemos esperar de uma cultura moralmente esquizofrênica, como bem disse Gary Francione, nada que fuja desses padrões de comportamento.

O rodeio em si já é uma atitude agressiva, em que um ser tenta ser dominante e soberano sobre outro, transpor também para as relações entre humanos esse tipo de atitude é totalmente natural e não poderia ser diferente.

O que espero é que as pessoas que se sentiram sensibilizadas com a atitude de agressão e opressão ocorridas nesse “rodeio das gordas”, saibam expandir sua esfera moral para que esta atinja todos os seres capazes de sentir. E que, se desejamos construir uma nova cultura, que seja de respeito, tolerância e entendimento entre nós e outras espécies e entre nós e nós mesmos.

Por Alex Peguinelli

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