8 de março de 2011

Até quando os animais serão tratados como objetos de pesquisa?

Estava eu folheando as páginas da revista Veja (edição 2205 - ano 44 - nº 8, p.39) deste mês quando me deparei com uma matéria que me chamou a atenção. Ela se encontra na “Página Einstein” (reservada ao Hospital Albert Einstein) e seu título é “Os limites da pesquisa médica na busca da inovação”. Meu lado ativista veio imediatamente à tona e tratei logo de ler a tal reportagem, na esperança de que se tratasse de algo positivo, algo que demonstrasse a aberração que é o uso de animais em pesquisas. 

Logo de cara o texto explica o quão dependente a área da saúde é de pesquisas, mas que, apesar disso, “surgem alguns questionamentos sobre o que é aceitável e quais os limites que devem guiar novos experimentos”. Ótimo! Concordo.

Continuei desenfreadamente minha leitura e a terminei com uma enorme decepção. Nada, nadinha que ao menos citasse os pobres animais que levam uma vida de torturas para o “bem” da ciência e são depois descartados como meros objetos.

A reportagem parece ter como objetivo mostrar a importância da ética nas pesquisas médicas, que os “hospitais e centros envolvidos com pesquisa na área médica possuem comitês de ética responsáveis por verificar a aplicação de rigorosos protocolos e normas de conduta”, mas logo em seguida nos revela quais seres vivos são dignos de serem tratados segundo os tais rigorosos padrões de conduta, com a afirmação “esses comitês defendem os interesses, a integridade e a dignidade das pessoas envolvidas na pesquisa...”. Agora sim, está explicado.

Uma questão que fica latente na cabeça de qualquer ativista ou pessoa com o menor grau de sensibilidade é: será que esse hospital não utiliza animais em seus experimentos?!? Muito facilmente essa questão é respondida. Basta acessar o site http://www.einstein.br e clicar no link “Pesquisa”. Logo nos deparamos com outro link nada animador: “Comitê de Ética no Uso de Animais de Experimentação” (será que existe essa nova espécie “animais de experimentação” e ninguém nos avisou?). Ao clicar neste link uma “bela” frase nos dá as boas vindas: "A experimentação animal deve ser conduzida apenas após consideração de sua relevância para a saúde do homem e dos animais”.

Será que o Hospital não se esqueceu de nada ao publicar tal reportagem? Será que se esqueceram das vidas que são brutalmente retiradas todos os dias em prol da saúde? Para mim, a resposta é não. Fica muito claro que os animais ainda não alcançaram e estão longe de alcançar um lugar de respeito em meio à sociedade em que também vivem.

O final da reportagem nos deixa um elemento chave sobre as pesquisas médicas (e também sobre qualquer outro tipo de pesquisa): “... é importante garantir que o indivíduo que se candidata a algum teste (...) esteja ciente dos benefícios, dificuldades e riscos envolvidos naquele processo”.  Será que alguém algum dia parou para pensar se os animais que são usados como material de pesquisa querem ser submetidos a tais procedimentos? Será que não é fácil de chegar à conclusão de que eles desejam viver livres, ter um desenvolvimento normal e digno?

O objetivo desse texto é simples: apenas desejo mostrar que nem sempre somos devidamente informados sobre todos os procedimentos que envolvem nossos remédios, nossos alimentos, nossas roupas, nossos brinquedos. Às vezes precisamos dar um passo além do que lemos e procurar o que não está nas linhas. Muitas vezes o que descobrimos é que nossas mercadorias custam a vida de milhares de seres inocentes.

Não termine de ler esse texto e apenas concorde comigo. Comece a mostrar sua indignação com os absurdos dos experimentos em animais e discorde de quem os faz!



Link do Hospital Albert Einstein: http://www.einstein.br
Link da revista Veja: www.veja.com.br

Janaína Camoleze


3 comentários:

  1. A mídia em geral é uma ótima camufladora de irresponsabilidades e trata tudo com uma assustadora naturalidade =S é triste a falta de respeito humano, o que se intitula "o dominador dos animais"... e não um companheiro dos mesmos...

    Se você tbm ficou indignado, melhor, é assim que as mudanças acontecem... janaína, exelente post estou encaminhando o seu texto à revista veja e ao hospital Albert Einstein pra ver ser recebemos algum parecer...

    pobre Einstein deve estar se revirar no túmulo....

    "Nossa tarefa deveria ser nos libertarmos ... aumentando o nosso círculo de compaixão para envolver todas as criaturas viventes, toda a natureza e sua beleza." - Albert Einstein (fisico, Nobel 1921)

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  2. Isso é um absurdo... não sei como conseguem fazer tais experimentos com tanta naturalidade, sem sentirem pena ou vergonha por um trabalho como esse.
    Deixo aqui uma petição contra esse absurdo no Brasil. O "querido" Ministro Mercadante se pronunciou de forma a incentivar a manutenção e expansão da experimentação em animais no Brasil como algo extremamente relevante para os interesses da população.

    http://www.thepetitionsite.com/23/fight-against-animal-testing-and-vivisection-in-brazil/

    Se puderem divulgar eu agradeço :)
    Vamos acabar com essa crueldade no Brasil!

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  3. Sem dúvida alguma , são os interesses econômicos ,das farmacias e drogarias que sustentam , a insanidade da experimentação animal , porque essas empresas vivem da doença e da morte , não é interessante para elas a cura a saúde das pessoas.O imperatvio ético é que me faz ser contra as experiências em animais,ou seja a compaixão , a empatia e a consideração além de achá-las , desnecessárias , enganosas e perigosas, Porque embora existam muitas semelhanças entre nós e os outros animais , existem muitas diferenças que não podem ser ignoradas como por exemplo as diferenças orgânicas, fisiológicas e metabólicas. Por mais que os cientitas digam o contrário existe uma infinidade de varíaveis que estão fora de seu controle.

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