31 de março de 2011

Casal vegano francês pode ser condenado por morte da filha


Hoje, grandes portais como o G1 e o UOLestão reproduzindo uma notícia da BBC que fala sobre a possível condenação de um casal de franceses que, diz a polícia, não alimentou de forma adequada sua própria filha, que morreu por desnutrição com apenas 11 meses. O texto reproduzido tem, além de um tom acusador à filosofia vegana, um erro primário. Ele diz: “Diferentemente dos vegetarianos mais comuns, que não consomem apenas carne vermelha, os vegan excluem de sua alimentação qualquer tipo de carne, como peixe e frango, e também todos os produtos de origem animal, como ovos, leite e mel”. Neste trecho, não bastasse o erro de concordância que diz que “os vegan”, temos a pérola deque vegetarianos excluem apenas carne vermelha, ou seja, que comem frango e peixe.
Todos os tipos de vegetarianos (ovo-lacto vegetarianos, veganos, ovo-vegetarianos, lacto-vegetarianos etc) excluem todo e qualquer tipo de carne da dieta. Alguns tipos usam apenas derivados animais, como leite, ovos e mel. O que é discutível, mas não vem ao caso neste momento.
Um casal vegano desorientado
O que aconteceu neste caso dos franceses e da pobre menininha já aconteceu antes. Há alguns anos um outro casal foi preso por alimentar a filha apenas com papinha de maçã e negar leite materno à criança, o que causou sua morte por inanição. Obviamente negar leite materno aos filhos é uma distorção da filosofia vegana. Leite materno é o alimento perfeito e foi feito para o bebê. O que a filosofia vegana condena é usar o leite materno de outras espécies para consumo humano, causando assim degradaçào do meio ambiente e tortura aos animais. Ao contrário dos que deram apenas papinha de maçã, o casal da França deu apenas leite materno: outra distorção do veganismo.

Qualquer vegano com o mínimo de informação sabe que não se deve alimentar uma criança apenas com leite materno após os 6 meses de vida e que há sim que inserir alimentos diferentes na alimentação do bebê, aos poucos, igualzinho à qualquer outra família que não seja vegetariana. A diferença, claro, é que os alimentos que serão oferecidos a essa pessoa em formação não serão de origem animal.
Ao que parece, os pais franceses negaram à filha o direito de viver por falta de informação ou “ignorância consciente” e, sendo veganos, repercutiram de forma pejorativa a filosofia de vida dos veganos pelo mundo. O que precisa ficar claro é que casos isolados não podem manchar a seriedade que profissionais e famílias vêm dedicando à causa vegana. Não se alimentar de animais ou seus derivados é, além de plenamente possível e saudável, recomendado até pela Associação Dietética Americana, que é modelo mundial no quesito nutrição e saúde. O veganismo é indicado inclusive em fases mais delicadas da vida como gestação e lactação.
Durante a autópsia do corpo do bebê francês foi constatado falta de vitaminas A e B12 e, segundo os bombeiros que tentaram, sem sucesso, socorrer a garotinha, a aparência dela era de muito doente. O casal era realmente, digamos, excêntrico: não davam banho com água na criança e sim com terra e argila. Além disso, segundo a notícia que está sendo veiculada, não levavam o bebê ao hospital nem tinham acompanhamento médico para a criança, faziam tudo por conta própria com livros e informações deduzidas.
Para todas as pessoas, vegetarianas ou não, fica a mensagem: informação e acompanhamento profissional é sempre bom. Na gestação ou em fases mais delicadas é absolutamente necessário e obrigatório.
Por Janaína Camoleze

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