26 de agosto de 2010

Comodismo

“É compreensível que a pessoa passe por um período de transição, mas não há o que comemorar caso ela estacione nessa fase.” Essa frase é parte de um artigo escrito por George Guimarães na Revista dos Vegetarianos, número 43. O título do artigo é “Protovegetarianos” e o autor discorre sobre o comodismo que pode aparecer na dieta daqueles que pararam de comer carne, mas continuam a se alimentar de derivados de animais.

Segundo uma nova definição, os antigos ovo lacto vegetarianos, lacto vegetarianos, agora se enquadrariam em uma mesma definição, a de protovegetarianos. Definição essa em que o prefixo proto indica aquilo que está a caminho de ser, mas que, no entanto, ainda não é. Ou seja, os protovegetarianos, por esta definição, não podem ainda serem considerados vegetarianos de fato, já que se alimentam de produtos de origem animal e não – como sugere a definição de vegetariano – apenas de produtos de origem vegetal.

É comum que encontremos certa dificuldade em quebrar uma cultura tão enraizada na própria história da humanidade como a exploração animal. Mas olharmos para esta dificuldade como quem olha para um obstáculo intransponível é desistir antes mesmo de tentar. É tropeçar antes de a corrida começar.
Nosso comodismo em relação às atitudes que já tomamos nos impede de tomar atitudes novas. E sem tomar estas atitudes novas, deixamos de progredir. Ou seja, se sempre acharmos que o que fazemos é o suficiente, nunca vamos ter motivação para tentar algo novo, porque algo novo é sempre algo um tanto inesperado. Territórios novos são incertos, mas isso não deve ser um motivo para hesitação, sim um motivo para darmos mais um passo à frente. Afinal de contas, comodismo é a própria morte do espírito, é fazer nascer dentro de si uma ditadura do medo e do arcaico.

Assim, “(…) se a pessoa não muda sua rotina (em relação ao consumo de produtos de origem animal), é porque isso traria algum desconforto, certo? Logo, a pessoa opta por manter o desconforto do animal que será explorado para que ela possa manter a rotina mais confortável para si mesma.” (George Guimarães)
Este texto é um convite aos que ainda não deram esse passo adiante, é um convite para que tentem. Corram atrás de informação (a internet está cheia dela), converse com pessoas que já são veganas e, mais importante de tudo, não se acomode com aquilo que já fez pela Libertação Animal. O sofrimento e a morte são diários, os urros e o medo acontecem agora, neste exato momento.

Espero que chegue o dia em que não mais precisemos falar sobre Abolição, especismo e respeito pelos animais. Mas, até esse dia chegar, não podemos nos envolver em bolhas de comodismo e fingir que não escutamos os gritos por socorro vindos de fazendas, matadouros, granjas, arenas e laboratórios. A escolha é nossa, vamos escolher o certo.

Vamos escolher a vida!

*Um lembrete:
Ainda precisamos muito de sua ajuda para chegarmos as cinco mil assinaturas necessárias para entrarmos com iniciativa popular junto da promotoria de Assis. E assim, terminarmos de vez com a bárbarie que é o rODEIO.
Assinem a petição: http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/6556
Vale também lembrar que esperamos tão somente proibir as provas com animais. Os shows e a festa continuariam ocorrendo normalmente!

Por Alex Peguinelli

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