16 de agosto de 2010

Entrevista com John Joseph da banda Cro-Mags


Caso você encontre John Joseph no centro de Nova Iorque, você poderá dar uma olhada na sua teia de tatuagens desbotadas, outra na sua sólida estrutura e uma última na sua face carrancuda e pensará consigo mesmo: “Esse é o tipo de cara que eu não gostaria de encontrar em um beco escuro!” Na verdade você também não gostaria de encontrá-lo para debater algum assunto. Há aproximadamente 30 anos, John foi um dos membros fundadores da banda Cro-Mags, que foi uma das primeiras a unir os gêneros musicais hardcore e heavy metal. Além disso, John seguiu os passos de seu mentor, H.R. da banda Bad Brains, e foi um dos primeiros compositores a trazer espiritualidade para o punk rock, que, naquela época, estava infesto com excesso de niilismo. Enquanto muitas bandas estavam se autodestruindo, John, praticante do que é comumente referido como o Hare Krishna, expõe o seu ponto de vista de vida positivo, argumentando para o melhor tratamento do homem assim como seu próprio corpo.
Desde então, ele adotou comentários amargos para a empresa Monsanto, explicou suas visões na International Society For Krishna Consciousness, em português, Sociedade Internacional Para A Consciência Do Krishna, e trouxe a banda Cro-Mags de volta da morte. Entre viver ativamente na cena por quase 30 anos, administrar uma academia especializada em vida saudável em uma das vizinhanças mais violentas em Nova Iorque por mais de uma década e detonar corporações multinacionais, é de se admirar que John tenha tempo para fazer alguma coisa além de respirar. Contudo, de alguma maneira, ele tira tempo para escrever o livro Meat Is For Pussies, em português, Carne É Para Os Fracos, um guia de vida saudável. Devido a isso, o entrevistador do site PunkNews.ORG, John Gentile, sentou com John para descobrir a proposta de seu novo livro, sua visão em espiritualidade e o que é bom para comer.





John Gentile: Por que o livro e por que agora?

John Joseph: Vivi como vegetariano sem carne e ovos por quase 30 anos. Comecei em 1987, mas recentemente, nos últimos anos, vi muitos amigos meus e familiares morrerem de câncer e todo o tipo de coisa. Isso não para! A maioria dos motivos das mortes é relacionada à dieta, no que as pessoas estão ingerindo. As pessoas simplesmente não sabem o que existe no alimento que estão comendo.

JG: Qual é a proposta do seu livro?

JJ: Andei pela enfermaria com pessoas com câncer quando vi o namorado da minha mãe deteriorando. Isso pode ser prevenido! Precisamos tocar os alarmes e deixar com que as pessoas saibam que todo esse sistema pode ser parado. No documentário Food Inc., a família diz que ela não tem dinheiro para comprar brócolis. Quanto eles estão gastando para comprar remédios? A questão não é tratar o sintoma e sim pensar aonde você adquiriu a doença. Mude o que você coloca dentro do seu sistema digestivo porque isso não afetará apenas o seu corpo, afetará também a sua mente. O mundo está mudando e você pode continuar no passado ou se atualizar. Você pode escolher ficar doente ou se tornar saudável.

JG: Com esse título, você não acha que estará criando problemas?

JJ: Não, essa na verdade não é a minha intenção. O título sugere que estou julgando, mas o que ele realmente diz é que se você continuar vivendo um estilo de vida que a maioria dos estadunidenses, esse estilo de vida te transformará em um fraco dependente das companhias de medicamentos. Caso você pesquise sobre as 500 maiores companhias do mundo, a maioria é de corporações farmacêuticas. Essas empresas e as de alimentos olham para você como forma de lucro desde que você vive até o momento da sua morte. Eles querem ver você ficar doente. Uma pitada de prevenção é bem mais barato do que a cura para uma enfermidade.

JG: Porque as empresas alimentícias querer deixar você doente? Quanto mais tempo você viver, mais lucro você dará para eles. Existe uma conspiração entre os dois tipos de empresas?

JJ: Ambas as empresas estão atadas e as três coisas que queremos é gordura, açúcar e sal. A comida estadunidense é cheia de soja e milho oriundos de organismos geneticamente modificados. Existe um cooperativismo para te deixar doente. Quando você ficar doente, os estoques farmacêuticos verão a luz do dia. Três dos políticos que ajudam o presidente Barack Obama na área da saúde, mais especificamente alimentação, são membros de alto nível da empresa Monsanto.Essa é uma conspiração contra o povo dos Estados Unidos da América feita por essa nova ordem mundial. Visite o site da National Health Federation para maiores informações.

JG: Qual é a relação entre a dieta estadunidense e as doenças?

JJ: Somos a nação mais doente no planeta. Consumimos a maioria diária de carne, peixe e comida processada. Você não pode me dizer que não há uma corrente de ligação. Não subirei em um púlpito, mas há vários assuntos dos quais estou ciente. Um deles é o codex alimentarius, um código usado para radiar todos os alimentos e destruir certos genes, proibindo o rótulo das GMO’s. As pessoas precisam pensar sobre isso, eles modificam o código genético de um linguado em um tomate e fazem isso utilizando vírus para quebrar a cadeia de DNA do tomate. Por fim eles atiram radiação no tomate para matar o vírus. Esse é o motivo pelo qual as pessoas estão ficando doentes.

JG: Você acha que uma dieta não saudável está relacionada contracultura punk?

JJ: Caso você viva como um punk significa que você questiona a autoridade. Em lugar nenhum está escrito que os punks precisam ser não saudáveis. Isso não é ser punk! Eu ainda posso subir no palco com 48 anos. Por que existem pessoas que são 10 anos mais jovens do que eu que estão com problemas de saúde? Precisamos lutar para manter orgânica a comida orgânica, por isso não estamos injetando veneno.

JG: Por que você acha que os alimentos estão tão ligados com a espiritualidade?

JJ: Para mim, a comida é a maior perspectiva que você pode ter sobre o que faz na vida. Conheci os membros da banda Bad Brains e a primeira coisa que eles me disseram foi para parar de comer comida envenenada e aí com as drogas. Você precisa entender que quando você ingere a carne do animal que foi torturado, você está adquirindo seu carma ruim. Você não pode dizer que almeja espiritualidade e paz enquanto mata seis bilhões de animais por ano nesse país. Primeiro, pare de colocar animais mortos dentro do seu corpo. Isso torna você uma pessoa mais pacífica. Este é o primeiro passo para o progresso espiritual e não um progresso religioso.

JG: O que diferencia o seu livro das outras filosofias vegan que foram divulgadas na contracultura desde o começo dos anos 80?

JJ: Nos anos 80 e 90, a maioria dos straight edge vegans julgavam muito as outras pessoas e tinha complexo de superioridade. Acho que todo esse movimento rotulou o veganismo de uma maneira ruim. Prefiro sair com camaradas que freqüentam o McDonalds porque alguns veganos são apenas um golpe no peito. Não uso drogas e sou vegan, mas não julgo as pessoas e escrevi o livro para ajudá-las. Eu não tento empurrar o meu ponto de vista goela abaixo nas pessoas. O livro é para o tipo de cara que quer entrar em forma, botar para quebrar e chegar longe. Eu defendo o não uso de bebidas e drogas.

JG: Você quer dizer que não está empurrando o seu ponto de vista?

JJ: Caso você queira beber, beba. Isso não me incomoda. Esse livro é o que funciona para mim. Eu me divirto e fico maluco de tantas outras maneiras. Cabe as pessoas decidirem se elas querem escutar ou não. Eu não estou dizendo para você desenhar um “x” na sua mão e divulgar a literatura vegan. Eu não preciso me posicionar nas tangentes e esse livro é um diálogo que precisa acontecer.

JG: Um grande número de bandas cristãs nos gêneros musicais punk rock e metal são desconsideras ou motivo de chacota por bandas não cristãs. O mesmo não acontece com você, com a banda Cro-Mags ou bandas que tocam o Krishnacore. Por que?

JJ: Antes de mais nada, a banda Cro-Mags não é uma banda de Kirshnacore. Sou um seguidor dos ensinamentos de Prabhupada. Descobri a filosofia e a pratico de uma maneira representativa. Prabhupada salvou a minha vida.

Ninguém na banda veste o uniforme Hare Krishna. Eu não me vejo dentro do gênero musical Krishnacore. Não seja como a banda Shelter no palco, eles foram um dos maiores hipócritas de todos os tempos. Essa banda entregou a mensagem das letras de suas músicas com uma flor. A banda Cro-Mags fez isso com um taco de beisebol. Nós descemos até o subterrâneo, até os canos de esgoto com todos os tipos de pessoas. Nós não viemos do subúrbio de famílias de classe média-alta em Connecticut. Estamos vivendo o que escrevemos a respeito.

Prabhupada escreveu apenas para ser um real seguidor. Essa foi a sua mensagem. Todas as pessoas deturparam a sua mensagem original, que não era dogmática, a mesma mensagem do primeiro álbum de estúdio da nossa banda. Alguém conversa sobre a banda Shelter? A nossa mensagem é universal que qualquer pessoas pode usar. A deles foi gerada para manipular as pessoas.

JG: Por algum período de tempo você administrou um centro espiritual na cidade de Nova Iorque. Há planos de recomeçar um centro?

JJ: Caso a sorte esteja do meu lado, abrirei um novo centro. A minha missão é construir um novo edifício. Você pode falar o que você quiser, até porque falar é fácil, mas você precisa ter compaixão pelas pessoas. Algumas dessas pessoas podem roubar o dinheiro de outras, mas algumas dessas estão procurando alguma coisa para fazer. Caso você ajude alguém a se sentir bem e depois você a trapaceia, quem é o pau no cu é você. Isso é mais baixo do que pegar um revólver e roubar uma pessoa na rua porque nesse caso você está destruindo o espírito daquela pessoa e isso é o pior que você pode fazer.

JG: Quais são seus comentários finais?

JJ: Desejo o melhor para todos. Lançarei um livro de receitas depois deste. O livro trás receitas realmente saudáveis para os camaradas que malham e precisam de energia. Já passei das 12 horas diárias e corri 10 milhas. Esse livro trás uma mensagem positivo e não para deixar alguém para baixo.

Fonte

Por Alex Peguinelli

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